HISTÓRIA

IDENTIFICAÇÃO DO MUNICÍPIO.


ETIMOLOGIA.

O nome da cidade de Araguainha vem em função de que o povoado surgiu nas margens do rio Araguainha um afluente do rio Araguaia, e, por ser menos caudaloso teve seu nome no diminutivo.



HISTÓRICO

A história da gente de Araguainha é bastante antiga, com ações de desbravadores e ousadas penetrações com intenções de povoamentos.

Araguainha teve início de sua colonização por conta de incursões garimpeiras. Aprígio José de Lima é tido como pioneiro.

Teria sido determinação do garimpeiro Aprígio José de Lima o fator determinante de ocupação definitiva da região à margem esquerda do rio Araguaia.

A procura por preciosas gemas, que teoricamente lhe garantiria seu sustento e de toda a família, foi fator determinante para que Aprígio José de Lima construísse seu primeiro rancho na região. Em seguida vieram as primeiras roças, para o necessário suporte estrutural.

Corria o ano de 1935, ação desenvolvida por Aprígio José de Lima fez escola. Não demorou muito e alguns garimpeiros afluíram à região e depois outros, sempre atraídos pelo brilho e abundância de diamantes.

Atraídos pelas notícias de novos achados, que ecoaram pelos quatro cantos da terra, centenas de garimpeiros deslocaram-se para a região à procura de riqueza fácil.

Desta forma, a partir de 1944, inúmeros comerciantes aportaram em Araguainha a qualidade da terra atraiu agricultores e pecuaristas, pessoas que não se afeiçoavam ao trato com monchões à procura de gemas preciosas, preferindo o cultivo de lavouras e a criação de gado. Iniciou-se então a povoação destinada a perdurar.

Um fato que ainda ocorre nos dias de hoje, observou-se naquela região em fins da década de quarenta. Constatou-se um “excesso de terras na área da fazenda São Gabriel, que se avizinhava da pequena povoação”.

As autoridades constituídas de Alto Araguaia, a quem o território de Araguainha estava jurisdicionado, requereram junto ao governador do estado, Dr. Arnaldo Estevão de Figueiredo, a área em excesso, que iria destinar-se à formação, então oficial, de um povoado.

Nascia ali o povoado que levou o nome de Couto Magalhães – homenagem ao advogado, naturalista, escritor e notável homem público que governou a Província de Mato Grosso, de 02 de fevereiro de 1866 a 13 de abril de 1868 – Dr. José Vieira Couto de Magalhães, no período da Guerra do Paraguai.

O progresso era certo. As autoridades de Alto Araguaia determinaram o arruamento do patrimônio, que foi executado pelo cidadão Peniel Alves de Oliveira. Pouco tempo depois um engenheiro civil fez a medição de ruas e dividiu o povoado em 105 lotes urbanos.

Com a boa nova, mais pessoas chegaram à localidade de Couto Magalhães, que se tornou ponto de referência; eram comerciantes, agricultores e garimpeiros. Todos engrossaram o coro do notável avanço.

Em seguida, os próprios moradores do lugar constituíram, em regime de mutirão, um campo de pouso para avião, peça indispensável para o crescente negócio de pedras preciosas.

Nominam-se pioneiros de Couto Magalhães: Domiciano Alves de Oliveira, João de Oliveira Martins, Joaquim Borges de Oliveira, Germano Dias da Silva, Peniel Alves de Oliveira, dentre outros.

A Lei nº. 693, de 12 de dezembro de 1953, criou o município de Ponte Branca, sendo que de seu território constava o distrito de Araguainha, que deixou para trás a denominação Couto Magalhães – de breve história.

A Lei nº. 1946, de 11 de novembro de 1963, de autoria do deputado Manoel J. Arruda criou o município de Araguainha:

“Artigo 1º - Fica criado o município de Araguainha, com território desmembrado do município de Ponte Branca”.

Artigo 2º - O município criado é constituído de um só distrito, da Sede. A denominação Araguainha é referência ao Rio Araguaia.



Dependência Genealógica

O município de Cuiabá deu origem ao município de Araguaya (depois extinto), que deu origem ao município de Registro do Araguaya (depois extinto), que deu origem ao município de Santa Rita do Araguaya (depois extinto), que deu origem ao município de Lajeado (depois extinto), que deu origem ao município de Alto Araguaia, que deu origem ao município de Ponte Branca, do qual deu origem o município de Araguainha.

Denominação dos Habitantes: Araguainhenses.

População: 1.198 habitantes.

Eleitores: 1007 (TRE/08)

Distrito: Sede.

Limites: Estado de Goiás a leste, Ponte Branca ao Norte, Alto Araguaia ao sul e Alto Garças a oeste.

Altitude: 400 m.

Distância de Capital: 430 km.

Coordenadas: 16º33'52" latitude sul, 52º 40' 12" longitude oeste Gr.

Extensão Territorial: 683,51 km².

Localização Geográfica: Mesorregião 130, Microrregião 537 - Tesouro. Sudeste Mato-grossense.

Relevo - Depressão do Araguaia e Planalto Taquari-Itiquira.

Formação Geológica: Coberturas não dobradas do Fanerozóico, sub-bacia ocidental da Bacia do Paraná.

Bacia Hidrográfica: Grande Bacia do Tocantins. Contribui a Bacia do Araguaia, que banha o território municipal.

Clima - Tropical quente e úmido, com 04 (quatro) meses de seca, de junho a setembro. Precipitação anual de 1.750 mm, com intensidade máxima em dezembro, janeiro e fevereiro. Temperatura média anual 24º C. Maior máxima 38º C. menor mínima 0º C.



ATIVIDADES ECONÔMICAS

O pequeno espaço territorial do município é aproveitado pela pecuária de cria, recria, engorda e produção leiteira. Os latifúndios aliados à mecanização do campo expulsaram o trabalhador rural onde antes com sua família praticava uma agricultura de subsistência. Já os minifúndios, proprietários descapitalizados, não conseguem oferecer uma produção competitiva e encontram-se em sua maioria numa situação de penúria.

Vale lembrar que a mineração de diamantes que durante muito tempo foi a principal atividade econômica do município e garantia a sobrevivência dos mesmos uma vez que envolvia boa parcela da população nessa prática, da extração à comercialização do produto aos poucos entrou em declínio devido a escassez do precioso metal e que hoje extinto.

Essa atividade praticada sem nenhuma preocupação com o meio ambiente deixou marcas desastrosas nas margens e leitos dos rios, tais como: enormes erosões que em alguns pontos podem até ser caracterizadas como verdadeiras voçorocas.

Com o fim dessa prática o município entrou em decadência, não desenvolveu nenhuma atividade alternativa que viesse gerar empregos e alavancar a economia. Em decorrência houve um intenso êxodo de jovens trabalhadores rumo às cidades vizinhas, especialmente Alto Araguaia que vive a efervescência de industrialização.

Araguainha conta hoje com um reduzido número de trabalhadores liberais, o comércio é praticado pelos próprios proprietários. Temos um número considerável de trabalhadores que vivem do subemprego desassistidos pelas leis trabalhistas uma vez que não trabalham com carteira assinada.

Os órgãos públicos são os únicos empregadores e para os cargos oferecidos nem sempre exige uma boa qualificação profissional, desestimulando a formação intelectual, produzindo uma economia dependente dos salários provenientes desses empregadores que na maioria são mínimos.

O que se observa, no entanto, é a falta de investimentos do setor privado e a inexistência de políticas públicas voltada para o desenvolvimento econômico e em contra partida a prática do paternalismo. Essa prática política trouxe resultado negativo para o município: o empobrecimento da população e a dependência cada vez maior do poder público.



Aspectos Sociais



A população é de aproximadamente 1.198 habitantes, segundo dados do (IBGE), distribuídos entre a zona urbana e a zona rural.

O município está a 450 km de distância da capital Cuiabá. A cidade durante sua formação recebeu influência do grande número de migrantes de vários estados do país principalmente nordestinos que para cá vieram e atuaram na área de mineração. No atual contexto é mais uma comunidade que perde moradores. A cultura de Araguainha recebe influência das tradições nordestina especialmente baiana, goiana, mineira, e com menor intensidade de outras regiões.

Dificilmente podemos considerar que a população de Araguainha seja abastada, a maioria de sua população é de classe baixa, logo boa parcela dos alunos são filhos de famílias carentes. Diante desta realidade, podemos concluir que não há uma variação muito significativa no aspecto social dos alunos.

A cidade não comporta empresas e a maioria de sua população ainda convive com a desqualificação profissional. Parte da população vive de trabalhos públicos uma pequena sobrevive de trabalho informal, atuando como: pedreiro, serventes, domésticos, lavadeiras, faxineira, braçais de fazenda de gado.



Nível de Ensino

O município consta com um nível ensino satisfatório, ainda distante do desejável. Um número razoável de nossos alunos se profissionalizam na cidade de Alto Araguaia onde há o Campus da Universidade do Estado de Mato Grosso, com cursos de Licenciatura Plena em Letras, Comunicação social com habilitação em Jornalismo, Licenciatura em Computação e UNOPAR - Universidade do Paraná. A cidade também possui:

• 01 (uma) escola estadual, que oferece o ciclo final do Ensino Fundamental e Médio.

• Ensino de Jovens e Adultos – EJA.

• 01 (uma) escola municipal que oferece o ensino infantil e os ciclos iniciais do Ensino Fundamental;

• Creche;

• 01 (uma) uma biblioteca pública;

• 01 (um) Telecentro oferecido pelo MEC – em fase de instalação;

• Curso de Educação de Jovens e Adultos, em regime presencial.

• Na zona rural, 02 (duas) escolas multisseriadas desativadas.

O município foi beneficiado pelo Projeto Arara Azul que proporcionou a profissionalização dos técnicos e apoios administrativos da Escola Estadual Rui Barbosa.

O município conta com 02(dois) canais de televisão, sendo: Gazeta afiliada da Record e a Centro América Afiliada Rede Globo. Captamos o sinal de duas estações de rádio regional – Alto Araguaia: Rádio Cidade e Aurora FM. Possui sinal de internet via rádio. Temos também serviço telefonia fixa e móvel (celular).



Principais eventos

• Festas Juninas – que se realizam nas escolas e nas residências;

• Festa de Maio – em homenagem ao santo padroeiro - procissão e rezas.

• Festa de setembro – em homenagem ao santo padroeiro.

• Festival de praia e cultural



Religião



Grupos religiosos

Evangélicos

Assembléia de Deus;

Congregação Cristã do Brasil.

Presbiteriana;



Católicas

Católicos – Igreja matriz no centro da cidade.



Lideranças Políticas



• PMDB – Partido do Movimento Democrático Brasileiro;

• PT – Partido dos Trabalhadores;

• PPS - Partido Popular Socialista;

• DEM – Partido Democrático;

• PSB – Partido Social Brasileiro;

• PSDB – Partido Socialista Democrático Brasileiro;

• PTB – Partido dos trabalhadores brasileiros;

• PR – Partido Republicano;

• PDT – Partido Democrático Trabalhista

• PTC – Partido Trabalhista Cristão.



Saúde

Quanto ao atendimento médico, a cidade possui um posto de saúde (PSFs).

No entanto, a população sofre com a falta de profissionais especializados sempre que necessário recorrem aos municípios mais próximos ou até mesmo ao centro de região onde encontra tais profissionais – Alto Araguaia, Mineiros, Rondonópolis, Cuiabá ou Goiânia.



Lazer

O município conta com belas áreas e locais que possa ser explorados como áreas de lazer, rios e ribeirões de águas límpidas e belas cachoeiras, sua população não conta com locais estruturados para esse fim.

Os jovens e os mais apaixonados praticam esporte no campo de futebol, vôlei de praia em uma área destinada a eventos ou futebol de salão em uma quadra de esporte localizada na praça.

Outro atrativo que no passado muito explorado foi a pesca no rio Araguaia, que por sinal um dos rios mais famosos do Brasil. No entanto, com o uso intensivo de agrotóxicos nas cabeceiras dos rios Araguaia, Araguainha, Ribeirão das Pedras, a pesca indiscriminada causou o desaparecimento de espécies que no passado significava alimentação farta na mesa dos ribeirinhos.



Drogas

Considerando a população absoluta de Araguainha não é difícil concluir que há de certa forma o consumo significativo de drogas, tanto as legais quanto as ilícitas.

O uso do cigarro, bebidas alcoólicas se faz presente por menor que seja o evento, por mais que os órgãos competentes procuram coibir, não conseguem conter seu avanço que ocorre com maior freqüência entre adolescentes e jovens.



Atividades Culturais

A história da cultura do povo de Araguainha teve início por volta de 1935 com a chegada dos primeiros garimpeiros. A notícia da abundância de diamantes se espalhou rapidamente e atraiu dezenas, centenas e milhares de garimpeiros a procura de fortuna. Com um número crescente de habitantes, os primeiros comerciantes de produtos alimentícios básicos se fixaram no povoado. A boa qualidade das terras disponíveis as margens dos rios e ribeirões atraíram agricultores e teve início a pratica da agricultura, principalmente o plantio de arroz, feijão, milho e mandioca. Pequenos pecuaristas também se estabeleceram e desenvolveram a pecuária de subsistência e em 1944 um povoado já se fazia notar.

No fim da década de 40 esse povoado recebeu o nome de Couto Magalhães. Posteriormente a lei nº. 693 de 12 de dezembro de 1953, criou o município de Ponte Branca, no qual constava o povoado Couto Magalhães, que passou a ser distrito de Ponte Branca, com nova denominação, Araguainha. Em 1963, foi decretado município, pela lei nº. 1946, em 12 de novembro de 1963.

Documentos históricos e entrevistas com moradores mais antigos do município revelam as raízes cultural do povo araguainhense. Os primeiros habitantes que aqui se fixaram eram de origem nordestina, especialmente da Bahia, os demais vieram do centro oeste goiano. Os costumes, hábitos, crenças e tradições desses povos se misturaram e resultaram numa cultura popular rica que se manifestavam em atividades culturais bem diversificadas tais como: as festas religiosas, folia de santos reis, festas juninas, festas de santos de guarda, santos padroeiros além de crendices, lendas e contos populares.

As festas religiosas foram as mais importantes manifestações culturais do município. As festividades eram realizadas com grande fervor e entusiasmo por toda a população, todas despertavam o interesse e animação da população, pois era onde reanimavam as forças, realimentavam a fé e ali se desenvolviam o harmonioso relacionamento.

A igreja católica por alguns anos festejava somente seu padroeiro, São José Operário, no dia 19 de março. Os festejos em homenagem a São José Operário duravam cerca de 6 a 9 dias conforme o interesse dos festeiros. Durante esses dias a diocese mandava um padre para realizar as atividades de fé, como as rezas, missas, procissões, batizados, crismas, confissões, casamentos, pagamentos de promessas. Havia leilões de prendas oferecidas ao santo padroeiro. Para dar mais ênfase aos festejos religiosos nesse dias realizavam-se também as festas sociais tais como: torneios de futebol regional, maratonas masculinas, canchas (corrida a cavalo), bailes e escolha da rainha da festa que acontecia na última noite, com a coroação da nova rainha pela rainha eleita na festa anterior. Sendo que a segunda mais votada recebia somente a faixa de princesa. Ainda na última noite, acontecia o sorteio para escolher o festeiro do ano seguinte.

Para fortalecer ainda mais a expressão da religiosidade de seu povo no município, vários moradores tanto da zona urbana quanto da zona rural realizavam grandes festejos no dia de seu santo protetor. Os santos festejados com maior expressão de fé e participação eram: São Sebastião, 20 de janeiro. No mês de junho festejavam, dia 13 Santo Antonio, dia 24 São João, dia 29 São Pedro. Em setembro no dia 8 dona Cezarina Portugal, uma das mais antigas moradoras do município, celebrou com bastante entusiasmo, por muitos anos, os festejos à sua santa protetora, Nossa Senhora da Piedade. Na ocasião, partilhava com seus amigos as bênçãos recebidas da mãe de Jesus através de suas preces. Esta devoção foi tão intensa que após a morte de dona Cezarina, a diocese atribuiu à igreja a responsabilidade de dar prosseguimento a esta fervorosa devoção da maior parte da população local. Desde então a igreja passou a realizar duas festas por ano, as atividades festivas eram desenvolvidas conforme a programação realizada pela comissão da festa e Nossa Senhora da Piedade passou para a igreja com o título de co-padroeira. Em dezembro, dia 13, Santa Luzia era a última dos santos protetores festejados, embora fosse homenageada por várias famílias apenas algumas realizavam festejos.

As organizações das festas dos santos protetores de modo geral apresentavam as mesmas características: comida farta, reza do terço, leilão e baile dançante.

O santo protetor mais homenageado durante muito tempo, foi São João Batista, homenagem esta realizada na véspera do dia 24 de junho. Como a grande maioria das famílias acreditavam que ascender uma grande fogueira no terreiro da frente da casa atraia bênçãos para elas, era costume nesta noite ascender tantas fogueiras que a cidade assemelhava o céu escuro salpicado por inúmeras fontes luminosas. Por motivos de inúmeros benefícios a crença neste santo, seus festejos adquiriram também características um pouco diferente das demais para oportunizar a realização dos ritos que confirmava o desejo de concretizar a graça esperada. O ritual da reza do terço acompanhado com cânticos relacionados à vida do santo como a dos outros santos, era o ponto alto da festa, comumente realizada à noite, pois logo em seguida ascendia a grande fogueira responsável por dar continuidade as práticas mágico-religiosas. Após cair em brasas acesas a madeira amontoada em forma de grade, retirava as pequenas pontas não queimadas totalmente, mais ainda acesas os chamados “tições”, os quais eram utilizados para ali ao redor da fogueira realizar batizados, vínculos de compadres e/ou comadres e até casamentos os quais eram assumidos com grande respeito e fidelidade, pois eram selados com juramentos ao saltar os tições três vezes para firmar a veracidade do ato. Era costume também guardar tições para colocar nas tuias de feijão e de milho para que não os infestasse de carunchos. Várias famílias contavam com o poder emanado de São João representado através do tição para acalmar as chuvas tempestuosas quando colocado na porta da frente da casa na hora da tempestade. Podendo guardá-lo até a próxima fogueira.

Folia de Santos Reis, manifestação religiosa que ocorria entre 25 de dezembro e 6 de janeiro. Durante estes dias, grupos de devotos de santos reis saiam por promessas ou devoção de casa em casa para anunciar a chegada do menino Jesus e homenagear os três reis magos. De 25 a 31 de dezembro os “foliões” como eram popularmente chamados percorriam toda a cidade e de 1º a 5 de janeiro, a zona rural. Nas visitas, os grupos de reis entravam nas casas, cantavam à saúde e pediam a proteção de seus moradores, desejavam o melhor para todos, através de bênçãos, recebendo, em contra partida, os donativos (dinheiro, mantimentos entre outros). Os donativos arrecadados eram utilizados na festa de encerramento. Os moradores/devotos incentivavam os grupos de reis recebendo-os em suas casas oferecendo lanches e refeições. Outros acompanhavam os grupos em suas peregrinações pelas ruas da cidade e até mesmo pela zona rural.

No dia 6 de janeiro, os grupos eram recepcionados pelas pastorinhas que conduziam as bandeiras até o local da festa de encerramento do grupo, evento que marcava o fim da jornada/giro, com fartura de comidas típicas e bebida para todos os componentes, familiares e convidados.

Além dessas expressões culturais, havia ainda as manifestações folclóricas tais como:

Sabedoria popular => as diversas manifestações da ciência do povo. Por exemplo: a época do plantio de determinadas plantas de acordo com as diversas fazes da lua, medicina caseira e a mistura perigosa de certos alimentos, (pepino com ovo mata).

Manifestações de religiosidade => além das festas religiosas encontravam-se as lendas (lobisomem, mula sem cabeça, nego d água), crendices, superstições, benzeções, simpatias, mal olhado.

Ofícios e técnicas: manifestações relativas às várias profissões e aos sistemas de produção, troca e transformação dos produtos.

Comidas típicas: arroz com pequi, frango com guariroba, lombo recheado, angu de milho, pamonha, doce de queijo, taioba, cambuquira, feijoada, quibebe de mandioca, ensopado de peixe, maria izabel, sarapaté, paçoca de carne seca, almôndegas, doce de leite, pé-de-moleque, ...

Direção do lar: casas de pau a pique, tijolos de barro cru – adobe – coberturas de folhas de buriti ou babaçu e raramente com telhas de barro. Utensílios como vassouras, confeccionadas com folhas de coqueirinho azedo; peneiras eram feitas da casca do talo de buriti e balaios (jacá) de taboca.

Garimpos: a práticas da mineração era rudimentar, onde se exploravam os monchões e aluvial, com a utilização de bateias de zinco ou até mesmo de madeira (gameleira). O rio era desviado com o intuito de que a força da queda da água efetuasse a lavagem do cascalho que depois era peneirado e por fim, colocado em bateias para separar o cascalho do diamante.

Agricultura: Praticada principalmente por garimpeiros que, na época das cheias se viam obrigada a desenvolver outras atividades para garantir o sustento da família. O trabalho nas roças era realizado por toda a família e consistia na derrubada da capoeira, queima da vegetação, destoca, plantio, limpa e colheita. Os mantimentos resultantes da colheita: arroz, feijão e milho eram estocados em tuia construída ao lado da casa.

Vida social: modo de relacionamento entre as pessoas – relação entre parentes e vizinhos, o apadrinhamento e o compadrio, maneira de se receber os convidados em festas de casamentos e batizados.

Batizados – Era comum realizar o batizado em casa, até que houvesse a possibilidade do batismo na igreja. Nesses rituais, os padrinhos e os parentes eram recebidos com festas. Havia fartura de comidas típicas e bebidas para todos.

Casamentos: os noivos recebiam os convidados na casa da noiva onde era realizado o casamento civil e servida uma janta. A cerimônia religiosa acontecia na igreja, em seguida os noivos e os convidados retornavam à casa da noiva para o baile a luz de lampião em barracas cobertas com lona ou folhas de coqueiro. O baile iniciava-se com a tradicional valsa dos noivos, esta acontecia no centro de uma grande roda formada pelos cortejos. Os instrumentos musicais utilizados nos bailes eram: sanfona, violão, pandeiro e bateria.

Treições: Era tradição entre parentes e vizinhos a “treição”, sempre que tomavam conhecimento de que alguém necessitava de ajuda para realizar um trabalho, em geral atrasado, reuniam-se em segredo, e sem que o “treiçoado” soubesse chegavam ainda de madrugada com ferramentas de trabalho bem como instrumentos musicais, cantando e surpreendia o dono do serviço. Enquanto os homens realizavam o trabalho na roça, em casa as mulheres fiavam, teciam redes cobertas e preparavam uma a alimentação especial para todos. A “treição” terminava a noite com um baile para comemorar o serviço realizado, com certas regras: por exemplo, os homens que não participavam do trabalho ficavam proibidos de participar da dança.

Era costume também entre parentes e vizinhos haver a partilha de novidades alimentícias, identificado como “prova”. Sempre que um vizinho matava um porco, uma vaca, uma caça ou feitos pratos especiais estes eram repartidos entre eles, ou seja, todos recebiam uma “prova”.

Brincadeiras infantis: cantiga de roda, esconde-esconde, casinhas, bolitas (bolinha de gude), bonecas, queimadas com bolas de meias....

A partir de 1960, o diamante que consistia na principal atividade econômica do município começou a diminuir. Com o esgotamento desse metal, sem conseguir fazer fortuna e sem atividades alternativas a maioria dos garimpeiros migraram para outras regiões. O progresso que parecia iminente estagnou, o diamante explorado aqui não acabou servindo ao desenvolvimento da região. Os pequenos pecuaristas descapitalizados venderam suas propriedades principalmente a paulistas, atraídos pelo baixo custo das terras, o que lhes permitiam comprar vários sítios e os transformassem em fazendas de gado. A pobreza, a falta de trabalho para absorver a mão de obra liberada pelo campo, impulsionou a migração tanto do campo para a cidade como para outros estados.

Com a estagnação econômica, as condições de vida da maior parte da população permanecem precárias, a maioria são funcionários públicos, há uma minoria de pequenos comerciantes e os demais vivem do subemprego. Sem uma política voltada para o crescimento econômico a população do município é dependente do poder publico

As alterações econômicas e sociais aliadas à incorporação de elementos tecnológicos do mercado industrial globalizado transformaram profundamente nossos arranjos culturais.

Atualmente o panorama cultural do município encontra-se bastante modificado.

As festas religiosas perderam seu significado e estão praticamente extintas e quando ocorrem não conta com as mesmas características do passado e outras tantas manifestações culturais perderam se ao longo do tempo.

As principais expressões da cultura popular no atual contexto são: festival de praia e a festa junina. Sendo que o de maior destaque é o festival de praia por ter uma maior abrangência.

Festival de praia - Ocorre num período de três a quatro dias, normalmente no mês de setembro. São desenvolvidas várias atividades tais como: campeonato de volley de praia, futebol de areia e futvoley, desfile para a escolha do garoto(a) Araguainha, exposição de artesanato, shows artísticos com cantores regionais, apresentação teatral, caminhada ecológica, praça de alimentação, matinê para idosos, feira de roupas, calçados e bijuterias e baile dançante.

Festa junina – A festa junina é a mais tradicional no município, apesar da incorporação de elementos modernos principalmente quanto aos instrumentos musicais – agora eletrônicos -, continua envolvendo toda comunidade.

É organizada pelas escolas, no mês de junho durante dois dias. O cenário é montado na quadra esportiva da escola, as barracas são confeccionadas com folhas de babaçu ou bacuri, enfeitadas com bandeirolas coloridas. Nessas barracas são oferecidas comidas e bebidas típicas que caracterizam o evento; porção de frango e de batata frita, caldos, pipoca, maçã do amor, pastel, quentão e leite de onça. Os alunos fantasiam-se de caipiras realizam o casamento e dançam a quadrilha. Em seguida acontece o leilão das prendas e a festança continua até o sol “raiá”.

Vale lembrar que os recursos angariados nas festas juninas costumeiramente são revertidos às escolas.

Fonte: Projeto Político Pedagógico

Escola Estadual Rui Barbosa; junho de 2009